Coronavírus, o anfitrião do baile

 A pandemia trouxe um convidado indesejado para dançar charme no Dutão

Por: Ingrid Ferraz e Luiza Lacerda

Quem está com saudades dos encontros semanais no Baile Charme do Dutão? Os sábados que eram repletos de charme, dança e música fazem falta. Infelizmente, com o aumento de casos da Covid19, esse e outros eventos culturais estão suspensos por tempo indeterminado e o pessoal que adora a energia e a aglomeração de um dos bailes mais antigos do estado do Rio terá que aguentar a saudade por mais tempo.

(Imagem: Facebook do Viaduto de Madureira | Reprodução)

Antes da pandemia, na Zona Norte do Rio de Janeiro, os sábados de Baile Charme no Viaduto de Madureira, o famoso Dutão (Viaduto Negrão de Lima), eram uma das festas favoritas dos cariocas. Sempre acompanhados de muito, Hip Hop, Charme, Funk Melody, Soul, New Jack, Flasback, as batidas são comandadas pelos DJs residentes e convidados, que tocam de acordo com o próprio estilo.

Em 2000, com a lei aprovada pela Câmara Municipal, a área do viaduto se transformou em Espaço Cultural Rio Charme. O nome foi novamente alterado em 2003 para Espaço Cultural Rio Hip-Hop Charme. Sem mudar o nome, a Prefeitura do Rio regulamentou, neste mesmo ano, a utilização do espaço sob o viaduto — onde não pode mais haver carros estacionados — e ainda transformou o Baile Charme em “bem cultural de natureza imaterial”, dando ao Instituto Rio Patrimônio da Humanidade a responsabilidade de pesquisar e documentar as atividades relacionadas ao baile, considerado reduto da música negra.

(GIF: Giphy | Reprodução)

No início de março de 2020 foi divulgado, por meio das redes sociais do viaduto, que o espaço fecharia temporariamente devido às orientações sanitárias. “Procuramos obedecer às diretrizes dadas pelo Estado, até para a proteção do nosso público. Ninguém poderia adivinhar que isso iria perdurar por um ano”, afirmou o diretor consultivo do Baile Charme de Madureira, Jones MFjay.

Desde então, foram realizadas lives gratuitas com aulas de dança charme e shows de Djs para os “charmeiros” aproveitarem em casa. Tudo isso foi transmitido na página do viaduto por meio do Instagram e YouTube. Em novembro de 2020 houve um retorno dos bailes, seguindo todas as regras sanitárias, mas não durou muito e no final desse mesmo mês a equipe do Dutão anunciou a suspensão das atividades, por conta do aumento nos casos de Covid.

As frequentadoras do baile, Marimar Costa, 23 anos, e Larissa Souza, 23 anos, ambas “charmeiras” e criadoras de conteúdo digital, foram convidadas a fazer parte da equipe de influenciadores que divulgam o viaduto de Madureira. Essa ideia foi proposta pela embaixadora do baile Manu Mendes, com o objetivo de criar um time de criadores de conteúdo digital para o Baile Charme. A página oficial do baile no Instagram @viadutomadureira conta com 30,2 mil seguidores.


(GIF: Giphy | Reprodução)

Além das danças:
“Casa. Um lugar onde me identifico, me sinto em paz, o local possui uma energia aconchegante igual a minha própria casa”. Essa é a descrição do baile para a digital influencer Marimar Costa.

Financeiro:
A equipe responsável pelo Baile Charme vendia ingressos dos eventos semanais, porém com a situação atual não está sendo possível. Desse modo, a pandemia está impactando financeiramente o Baile do Viaduto de Madureira. “A pandemia está afetando da pior forma possível os nossos prestadores de serviços, pessoas carentes, que tinham como certa aquela graninha que rolava todos os sábados, os meninos do bar, o pessoal do som, a tia do banheiro, os rapazes da segurança, que estão parados e nem sei como estão sobrevivendo. Essa parte é extremamente pesarosa para nós da Diretoria.” declarou, Jones MFjay.

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