Estética ou saúde, o que vem primeiro?

 A cirurgia plástica no Brasil é um fenômeno que não para de crescer

Por: Caroline David, Ingrid Ferraz, Luiza Lacerda e Rayane Quintanilha

Opaís ultrapassou os Estados Unidos e lidera o ranking dos países que mais realizam intervenções cirúrgicas no mundo, de acordo com dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS). O evento é reflexo da imposição social do padrão de beleza perfeito que resulta na preocupação excessiva com a estética corporal.

(Foto: Peter Dazeley | Getty Images)

A busca por intervenções cirúrgicas cresceu 141% nos últimos 10 anos entre adolescentes de 13 e 18 anos, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). O bullying e a insatisfação com o corpo são razões apontadas por pesquisadores para a procura desses procedimentos. As mídias sociais influenciam nesse crescimento, pois a pressão para ter o “corpo perfeito” é maior entre usuários de plataformas digitais, como o Instagram.

Os padrões de beleza ditados pela sociedade e potencializados pelos meios de comunicação podem resultar na morte de pacientes, que se tornam vítimas de operações mal sucedidas, e entram para as estatísticas. Dentre os procedimentos mais realizados pelos brasileiros, o implante da prótese de silicone nos seios ocupa o primeiro lugar, e a lipoaspiração em segundo com taxa de mortalidade de 19 mortes para cada 100 mil cirurgias executadas.

A influenciadora digital maranhense Thaynara OG, de 29 anos, compartilhou com seguidores que em março de 2020 se submeteu a uma lipo LAD. A pressão estética foi forte, pois a mesma disse que reconhecia estar dentro dos padrões de beleza, mas ainda sentia inseguranças com o corpo. A cirurgia apresentou complicações, e a influencer chegou a ficar internada na UTI para se recuperar.

(Fotos reproduzidas do Instagram:
antes e depois da cirurgia)

A maranhense, que possui um público de 4,6 milhões de seguidores no Instagram, relatou a experiência traumática com a cirurgia na rede social após saber da morte, por complicações cirúrgicas, da também influenciadora Liliane Amorim no dia 24 de janeiro de 2021. “Não se deixe levar por publicidade ou preço barato. Procure um profissional qualificado para tirar dúvidas até sentir a segurança de tomar a decisão de realizar o procedimento estético. Cirurgia plástica é um assunto muito sério”, afirma Thaynara. No vídeo intitulado como ‘Desabafo’ deixou também um recado para os influenciadores, pedindo transparência e honestidade a respeito dos riscos das intervenções estéticas.

A criadora de conteúdo digital Sthefane Matos, de 22 anos, compartilhou um vídeo em seu canal do Youtube, no dia 9 de Dezembro de 2020, denominado ‘Como foi viver o pior momento da minha vida’, onde relata a complicação que teve em seu nariz após uma cirurgia. “Eu tinha um nariz saudável, perfeito. Fiz uma rinoplastia para poder me encaixar em um padrão de beleza que não existe,” relatou Sthefane. A cirurgia foi realizada em São Paulo, após voltar para casa complicações surgiram e a jovem teve de voltar para o hospital. A situação era grave e foi necessário fazer uma nova operação de emergência porque não podia esperar.

(Fotos reproduzidas do Instagram:
 antes e depois da 1º cirurgia)

Nas redes sociais a influenciadora sofreu uma onda de críticas e ataques de internautas que falavam mal do seu nariz e de sua aparência. No vídeo a influencer desabafa sobre essas questões e diz que o ocorrido serviu de aprendizado e se pudesse voltar atrás não faria a cirurgia. “Sei que esse vídeo pode servir para ajudar muitas pessoas e mudar pensamentos. Não indico a ninguém a rinoplastia. É muito mais válido você aprender a se amar, e se aceitar do seu jeito”, finaliza.

(Foto reproduzida do Instagram:
 mostra como está o nariz de Sthefane atualmente)

40% das cirurgias plásticas realizadas no Brasil são reparadoras:

Que as cirurgias plásticas são polêmicas e muito comentadas hoje em dia nós já sabemos, mas e as cirurgias reparadoras? Vamos falar um pouco sobre elas.

Dentro do ramo das cirurgias plásticas existem dois tipos: as com fins estéticos e as reparadoras. As cirurgias plásticas estéticas, só pelo nome já dá para adivinhar, tem como objetivo estético, melhorando a aparência física e a autoestima do paciente. Já a segunda área está relacionada às intervenções cirúrgicas com função reparadora. Esse tipo de procedimento é adequado em casos de pessoas com deformidades ou malformações congênitas — de nascença — ou até mesmo adquiridas por lesões físicas, traumas causados por acidentes e por doenças, que por consequência podem causar problemas de saúde.

As operações têm grande relevância social e são focadas, primeiramente, no bem-estar do indivíduo. De acordo com a SBCP (olha ela aqui de novo rs), cerca de 40% das cirurgias plásticas que ocorrem no Brasil são reparadoras. Além disso, é possível fazer pelo convênio do seu plano de saúde ou pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Interessante, não?

Existem, também, mutirões e ações humanitárias feitas com objetivo social e focada em reparação de deformidades, congênitas ou não, ajudando a população brasileira carente e de baixa renda, que não possuem acesso a procedimentos médicos e cirúrgicos.

Dentre essas informações também podemos citar as possíveis cirurgias realizadas com esse intuito reparador: Câncer de pele, pós-bariátrica (para retirar excesso de pele), reconstrução das mamas, queimaduras, reparação do lábio leporino e fenda palatina, reconstrução da orelha etc.

Apesar dessa diferença entre as cirurgias estéticas e reparadoras, as duas têm igual importância, ambas possuem risco e a pessoa que optar fazer qualquer uma delas, por necessidade ou não, deve estar muito bem-informado sobre o assunto antes dos procedimentos.

Como realizar uma intervenção cirúrgica com segurança:

É bom que fique claro, que objetivo desta Newsletter não é demonizar os procedimentos e intervenções cirúrgicas de uma cirurgia plástica, mas sim conscientizar e informá-las sobre até que ponto isto é saudável. De acordo com as principais recomendações da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), certifique-se de que o profissional é um membro qualificado para tal intervenção.

Não vá com muita sede ao pote, cirurgia plástica não é milagre e o médico não é mágico.


(GIF: Giphy | Reprodução)

Realize um procedimento de cada vez, com segurança e sempre zelando pelo bem estar da sua saúde. Busque por referências do cirurgião, pesquise médicos capacitados e desconfie da diferença exorbitante em relação a valores, isto pode variar de acordo com a regionalidade, entretanto, sempre há um parâmetro comparativo que serve de base. Duvide sempre que for surpreendido com valores muito abaixo da média, pergunte todos os detalhes da cirurgia ao médico e principalmente se o hospital tem as instalações recomendadas em caso de intercorrências.

A influencer Fran Reis, como é conhecida no meio entre os apaixonados por plástica e pelos médicos cirurgiões, tem um blog onde ajuda outras mulheres a escolherem seus profissionais. O blog e instagram conhecido por Meus, Lindos e Pagos, conta com um público de 411 mil seguidores que diariamente contam suas experiências não só positivas, mas também negativas algumas das vezes. O conteúdo aborda assuntos relevantes como, pré operatórios, exames, médicos de todos os estados do Brasil e do mundo, cuidados no pós cirúrgico e expõe sobre os resultados reais em corpos reais.

Dicas de conteúdo sobre os assuntos citados:

1. Documentários:

Operação autoestima: antes e depois (Disponível na Netflix)

Embrace (Disponível no Microsoft Store)

Mundo Maior Repórter — Ditadura da Beleza (Disponível no Prime Vídeo)

2. Livro “O mito da beleza” de Naomi Wolf.





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